Caminho espiritual a partir da infância de Cristo

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Quando José estava no exílio com o Menino e sua Mãe, soube pelo anjo, durante o sono, que Herodes tinha morrido; mas, ao ouvir dizer que seu filho Arquelau reinava no país, continuou a ter grande receio de que o Menino fosse morto. Herodes, que perseguia o Menino e queria matá-Lo, é o mundo que, sem dúvida alguma, mata o Menino, o mundo de onde é necessário fugir para O salvar. Mas, uma vez que se fugiu exteriormente do mundo [...], eis que Arquelau se levanta e reina: há ainda todo um mundo em ti, um mundo do qual não triunfarás sem muita aplicação e sem o socorro de Deus. 
Porque tens três inimigos fortes e encarniçados a vencer em ti, e só com dificuldade triunfarás deles. Serás atacado pelo orgulho do espírito: queres ser visto, considerado, escutado. O segundo inimigo é a tua própria carne, que te provoca pela impureza corporal e espiritual. O terceiro inimigo é aquele que te ataca, inspirando-te a malvadez, os pensamentos amargos, as suspeitas, os julgamentos malévolos, a raiva e os desejos de vingança. Queres tornar-te cada vez mais querido de Deus? Deves renunciar completamente a tais atitudes, porque tudo isso é Arquelau, o malvado. Receia e atenta, porque ele quer matar o Menino.
José foi avisado pelo anjo e chamado a regressar ao país de Israel. ‘Israel’ significa terra da visão; ‘Egito’ quer dizer trevas. Será durante o sono, é só no verdadeiro abandono e na verdadeira passividade, que receberás o convite para sair deles, tal como aconteceu a José. Podes então dirigir-te para a Galileia, que quer dizer passagem. Aí, estarás acima de todas as coisas, tudo atravessaste, e chegaste a Nazaré, a verdadeira floração, o país onde desabrocham flores para a vida eterna, onde se encontra o verdadeiro gosto da vida eterna; aí está toda a segurança, a paz inexprimível, a alegria e o repouso; só aí chegam os que se abandonam, os que se submetem a Deus até que Ele os liberte, e não procuram libertar-se a si mesmos pela violência. São esses os que alcançam a paz e a floração que é Nazaré, e aí encontram o que lhes dará a alegria eterna. Que tal seja a nossa partilha comum, que a isso nos ajude o nosso Deus, que é digno de todo o amor!

(Jean Tauler)

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