O Verbo Eterno se fez homem

“Ignem veni mittere in terram; et quid
voto, nisi ut accendatur?
Vim trazer o fogo à terra; e que desejo
senão que ele se inflame?” (Lc 12,49)


Os judeus celebravam uma festa chamada Dia do Fogo em memória do fogo com que Neemias consumou a vítima oferecida a Deus, quando ele voltou com seus compatriotas do cativeiro da Babilônia. A festa do Natal deveria também, e com muito mais razão, chamar-se Dia do Fogo, porque nesse dia um Deus veio ao mundo sob a forma duma criancinha para a-tear o fogo do amor no coração dos homens. Vim trazer o fogo à terra, disse Jesus Cristo, e o trouxe de fato. Antes da vinda do Messias, quem amava a Deus sobre a terra? Ele era apenas conhecido numa pequena região do mundo, isto é, na Judéia; e mesmo lá, quão poucos eram os que o amavam no tempo da sua vinda! No resto da terra, uns adoravam o sol, outros os animais, s pedras ou criaturas mais vis ainda. Mas, depois da vinda de Jesus Cristo, o nome de Deus se espalhou por toda parte e foi amado por muitos. Desde então os corações abrasaram-se das almas do divino amor, e Deus foi mais amado em poucos anos do que nos quatro mil aos que decorreram depois da criação.
Muitos cristãos costumam preparar com bastante antecedência em suas casas um presépio para representar o nasci-mento de Jesus Cristo. Mas há poucos que pensam em preparar seus corações, a fim que o Menino Jesus possa neles nascer e repousar. Sejamos nós desse pequeno número: procuremos dispor-nos dignamente para arder desse fogo divino, que torna as almas contentes neste mundo e felizes no céu.
Consideremos neste primeiro dia que o Verbo Eterno justamente para esse fim, de Deus se fez homem, para inflamar-nos de seu divino amor. Peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua Santíssima Mãe nos iluminem sobre esse mistério, e comecemos.

(Santo Afonso de Ligório – Encarnação, Nascimento e Infância, I, Cons. I)

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