Saber orar

“… celebravam-se bodas em Caná da Galileia, e achava-se ali a mãe de Jesus. Também foram convidados Jesus e seus discípulos. Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: ‘Eles já não têm vinho’(…)”. (Lc 2, 1-3)

Convém notar, como a alma, nesse verso, não faz outra coisa, não ser representar sua pena ou necessidade ao Amado. Quem ama discretamente não cuida de pedir o que deseja ou lhe falta: basta-lhe mostrar sua necessidade para que o Amado faça o que for servido. Assim procedeu a bendita Virgem com o amado filho nas bodas de Caná; não lhe pediu diretamente o vinho, mas disse apenas: ‘não têm vinho’ (Jo 2,3). As irmãs de Lázaro não mandaram pedir ao mestre que curasse o irmão; mandaram dizer-lhe tão-somente: ‘Eis que está enfermos aquele a quem amas’ (Jo 11, 3) Isto se deve fazer por três razões: Primeira: melhor sabe o Senhor o que nos convém, do que nós mesmos. Segunda: mais se compadece o amado, vendo a necessidade do amante e sua resignação. Terceira: mais segura vai a alma quando ao amor de si mesma e ao juízo próprio, manifestando sua indigência, do que pedindo o que lhe falta.

( São João da Cruz, Cântico Espiritual 2, 8)

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