A sabedoria de Deus

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São João Baptista vivia apartado do mundo, era nazir (cf Lc 1,15; Nb 6,1), consagrado a Deus. Deixou o mundo e com ele se confrontou [...], chamando-o ao arrependimento. Todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele ao deserto (Mc 3,5) e ele confrontava-os face a face. Mas ao ensinar falava de Alguém que havia de vir a eles e falar-lhes de um modo muito diferente.
Alguém que não Se separaria deles, que não Se apresentaria como um ser superior, mas como um irmão, feito da mesma carne e dos mesmos ossos, sendo um entre muitos irmãos, um entre a multidão. E, na verdade, Ele já estava no meio deles: ‘No meio de vós está Quem vós não conheceis’ (Jo 1,26).
[...]
Por fim, Jesus começa a mostrar-Se e a ‘manifestar a Sua glória’ (Jo 2,11) através de milagres. Mas onde? Numa boda. E como? Multiplicando o vinho. [...] Comparai tudo isso com o que Ele diz de Si próprio: ‘Veio João, que não comia nem bebia. Vem o Filho do homem, que come e bebe, e dizem: 'É um bêbado'’. Podiam odiar João, mas respeitavam-no; a Jesus, porém, desprezavam-n'O. [...]
Isto porque Tu, oh meu Senhor, amas tanto esta natureza humana que criaste. Não nos amas simplesmente enquanto Tuas criaturas, obra das Tuas mãos, mas enquanto seres humanos. Tu amas tudo, pois tudo criaste, mas amas os homens acima de tudo. Como é isto possível Senhor? Que há no homem que não há nas outras criaturas? ‘Que é o homem para Te lembrares dele, o filho do homem para com ele Te preocupares?’ (Sl 8,5) [...] Não tomaste a natureza dos anjos quando Te manifestaste para a nossa salvação e não tomaste uma natureza humana, nem um papel, nem um cargo acima duma vida humana vulgar —
não foste nazir, nem sacerdote, nem levita, nem monge, nem eremita. Vieste, precisa e plenamente, nesta natureza humana que tanto amas, [...] nesta carne que caiu com Adão, com todas as nossas enfermidades, os nossos sentimentos e as nossas afinidades, excetuando o pecado.

(J. Henry Newmann)

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