As virtudes de Cristo

rumo13

A humildade com que Cristo ‘Se esvaziou a Si mesmo, tomando a condição de servo’ (Fl 2,7) é para nós luz, como é luz também a Sua recusa da glória deste mundo, Ele que preferiu nascer num estábulo em vez de um palácio e sofrer uma morte vergonhosa numa cruz. É graças a esta humildade que somos capazes de ter consciência de quanto é detestável o pecado de alguém que, sendo pó apenas (Gn 2,7), um pobre homenzinho de nada, pelo poder do orgulho se glorifica e recusa a obedecer, ao passo que vemos a Deus infinito humilhado, desprezado e entregue ao bel-prazer dos homens.
A mansidão com que suportou a fome, a sede, o frio, os insultos, os golpes, as feridas, também ela é para nós luz, uma vez que ‘não abriu a boca, como um cordeiro que é levado ao matadouro ou como uma ovelha emudecida nas mãos do tosquiador’ (Is 53,7). É graças a esta mansidão que somos capazes de ver como a cólera é inútil, assim como a ameaça; então, dispomo-nos a sofrer e a servir a Cristo de todo o coração. É graças a ela que, por fim, compreendemos tudo o que nos é pedido: expiar os nossos pecados na submissão e no silêncio e suportar com paciência o sofrimento quando surgir. Assim Cristo suportou os Seus tormentos com essa brandura e paciência, não pelos Seus próprios pecados, mas pelos dos outros.
Irmãos caríssimos, reflitamos desde já em todas as virtudes que Cristo nos ensinou com a Sua vida exemplar, nos recomenda com o Seu estímulo e nos ajuda a imitar com a fortaleza da Sua graça.

(Lansperge, o Cartuxo)

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