No mundo, mas não do mundo


Desejaria exortar-vos a deixar tudo, mas não me atrevo. Se não podeis deixar as coisas do mundo, fazei uso delas de tal modo que não vos prendam a ele, possuindo os bens terrenos sem deixar que vos possuam. Tudo o que possuís esteja sob o domínio do vosso espírito, para que não fiqueis presos pelo amor das coisas terrenas, sendo por elas dominados.
Usemos as coisas temporais, mas desejemos as eternas. As coisas temporais sejam simples ajuda para a caminhada, mas as eternas, o termo do vosso peregrinar. Tudo o que se passa nesse mundo seja considerado como acessório. Que o olhar do vosso espírito se volte para a frente, fixando-nos firmemente nos bens futuros que esperamos alcançar.
Extirpemos de forma radical os vícios, não só das nossas ações, mas também dos pensamentos. Que o prazer da carne, o ardor da cobiça e o fogo da ambição não nos afastem da Ceia do Senhor! Até as coisas boas que realizamos no mundo, não nos apeguemos a elas, de modo que as a coisas agradáveis sirvam ao nosso corpo sem prejudicar o nosso coração.
(...)
Se amarmos o que é bom, deleite-se o nosso espírito com bens ainda melhores, isto é, os bens celestes. Se tememos o mal, ponhamos diante dos olhos os males eternos.Desse modo, contemplando na eternidade o mais devemos amar e o que mas devemos temer, não nos deixaremos prender ao que existe na terra.
Para assim procedermos, contamos com o auxílio do Mediador entre Deus e os homens. Por meio dele, logo obteremos tudo, se amarmos realmente aquele que, sendo Deus, vive e reina com o Pai e o Espírito, pelos séculos dos séculos. Amém.
(São Gregório Magno)

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