“Como o barro nas mãos do oleiro, assim estais vós em minhas mãos” (Jr 18,6)

“Oh, que profundidade de riqueza,  de sabedoria e de ciência é a de Deus!  Como são insondáveis as Suas decisões e impenetráveis os Seus caminhos!  Quem conheceu o pensamento do Senhor?  Quem Lhe serviu de conselheiro?” (Rm 11,33s; 9,15s). Tu, Senhor, tens compaixão por quem queres; tens piedade de quem queres. Não é, portanto, o homem que quer ou que corre, mas Tu, Senhor, que és misericordioso.
Eis que o vaso de barro escapa à mão que o modelou [...]; escapa-se da mão que o segura e que o transporta. [...] Se lhe acontecer cair da Tua mão, que desgraça a sua. Porque se quebraria [...] em mil pedaços, ficaria reduzido a nada. Ele sabe-o e, pela Tua graça, não cai. Tem compaixão, Senhor, tem compaixão: Tu deste-nos forma e somos barro (cf Jr 18,6; Gn 2,7). Até aqui [...] permanecemos firmes, até aqui a Tua mão poderosa transportou-nos; estamos suspensos dos Teus três dedos: a fé, a esperança e a caridade, pelos quais susténs a massa da terra, a solidez da Santa Igreja. Tem compaixão, segura-nos; que a Tua mão não nos deixe cair. Mergulha os nossos rins e o nosso coração no fogo do Teu Espírito Santo (cf Sl 25,2); consolida o que formaste em nós para que não nos desagreguemos e não fiquemos reduzidos ao barro que somos, ou a absolutamente nada. Por Ti, para Ti fomos criados e para Ti estamos voltados. Formaste-nos e modelaste-nos, reconhecemo-lo; adoramos e invocamos a Tua sabedoria a administrar, a Tua bondade e misericórdia a conservar. Aperfeiçoa-nos, Tu que nos fizeste; aperfeiçoa-nos até à plenitude da Tua imagem e semelhança, segundo as quais nos formaste.

(Guilherme de Saint-Thierry)

Comentários