Luta espiritual

“Não é possível edificar uma personalidade humana e espiritual robusta sem luta interior, sem este exercício de discernimento ente o bem e o  mal, sem esta estratégia para dizer ‘nãos’ eficazes e ‘sins’ convincentes? Talvez estejamos esquecidos de que, como testemunham os Evangelhos, Jesus mesmo lutou e não pode se subtrair a este confronto com o tentador. No entanto, todos deveríamos saber: o pecado está escondido à porta de nosso coração, sua sede está orientada para nós. Cabe a nós dominá-lo (ver Gn 4,7). No Novo Testamento o Apóstolo nos relembra: ‘o pecado nos persegue’, há ‘determinantes que nos seduzem’, há ‘desejos que se opõem à nossa carne’. Sim, há uma luta espiritual exigente, cotidiana, que reclama, da parte do cristão, a atitude própria daquele que vai à guerra, mas munido de armas espirituais. Essa luta tem por moldura nosso coração, o centro de nossa vida psicológica, moral e espiritual, o lugar da inteligência, da memória, da vontade, do desejo e de todos os sentimentos, o espaço de encontro entre Deus e o homem, entre o homem e seus semelhantes. Mas o coração pode igualmente encontrar-se exposto à doença da ‘esclerocardia’, se pouco a pouco se endurece pela ausência de escuta da Palavra de Deus e pelo consentimento ao que contradiz a vontade do Senhor.

Ter um coração unificado, um coração puro, sensível e capaz de discernimento, um coração que conserva e engendra pensamentos de amor, eis o objetivo da luta espiritual. Que arte apaixonante! Prepara-se, na vigilância, para a luta, para esta luta que Rimbaud definia como ‘mais dura que a guerra entre os homens’”

(Enzo Bianchi – Dar sentido ao tempo, as grandes festas cristãs publicação origina do Blog Adversus Heresis)

 

São Miguel Arcanjo, Defendei-nos no combate!

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