Os “profetas modernos” do Cristianismo


“Para um cristão, importa a fé, ou seja, o acolhimento da Palavra de Deus, que o torna participante do desígnio divino Ora, se alguém é crente, é também profeta, já que, olhando bem, a profecia significa não tanto o anúncio do futuro, mas do eterno e também do ‘presente’ compreendido como o eterno no tempo.
Além do mais, toda previsão realizou-se e esclareceu-se em Jesus Cristo, ‘o Profeta’ (cf. Jo 1,21), de modo que a profecia cristã coincide exatamente com o testemunho cristão (…)
Hoje, não raramente, escuta-se desejar e rezar para que a Igreja seja crível e seja profética. Trata-se de acréscimos supérfluos e quase deformantes. Pela sua própria natureza a Igreja é crível; de outro modo não seria a Igreja. Mais que ser crível, a preocupação deve ser a de ser crente: na fé e nas obras luminosas que a acompanham (cf. Mt 5,16) residem os motivos da credibilidade e são oferecidos os sinais da profecia, isto é, da viva e operante presença do Evangelho.
(…)
Tem-se, de tal modo, a ideia de que, para ser profeta, é necessário ultrapassar a doutrina e a práxis da Igreja institucional e hierárquica; isto é, seria preciso escolher uma Igreja “espiritual” e dinâmica e percorrer um caminho novo, com uma escuta mais fiel ao mundo e uma mais corajosa aliança entre fé e cultura.
(…)
Aos discípulos do Senhor não importa uma profecia como antecipação da cronologia ou previsão do futuro; não se esforçam para ler os ‘sinais dos tempos’, pois já possuem a leitura que Jesus Cristo morto e ressuscitado fez uma vez por todas. Nem mesmo se esforçam para convocar novos concílios que respondam às expectativas dos tempos, insatisfeitas com os concílios precedentes.
Os cristãos se preocupam na verdade com uma profecia que consiste numa ortodoxia sempre mais tradicional e, portanto, íntegra e límpida; alegram-se e são tomados de admiração com o carisma do Magistério que, em virtude da assistência do Espírito santo, assegura a fidelidade à Palavra de Deus; tornam evidente a comunhão com Cristo nas obras de fraternidade; pregam que o destino do homem é a vida Eterna.
E sabem que, como já agora Jesus Cristo está presente, existe já agora a verdadeira Igreja, mesmo não sedo ainda toda na condição gloriosa.
Todos os membros do Povo de Deus são chamados a ser profetas, exatamente porque são todos chamados a serem crentes. A profecia é a fé.”
(Inos Biffi – In: Visão Cristã)

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