Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? E permaneceis longe de minhas súplicas e de meus gemidos?
Meu Deus, clamo de dia e não me respondeis; imploro de noite e não me atendeis.
Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe.
Todos os que me vêem zombam de mim; dizem, meneando a cabeça:
‘Esperou no Senhor, pois que ele o livre, que o salve, se o ama.’
Sim, fostes vós que me tirastes das entranhas de minha mãe e, seguro, me fizestes repousar em seu seio.
Eu vos fui entregue desde o meu nascer, desde o ventre de minha mãe vós sois o meu Deus.
Não fiqueis longe de mim, pois estou atribulado; vinde para perto de mim, porque não há quem me ajude.
Cercam-me touros numerosos, rodeiam-me touros de Basã; contra mim eles abrem suas fauces, como o leão que ruge e arrebata.
Derramo-me como água, todos os meus ossos se desconjuntam; meu coração tornou-se como cera, e derrete-se nas minhas entranhas.
Minha garganta está seca qual barro cozido, pega-se no paladar a minha língua: vós me reduzistes ao pó da morte.
Sim, rodeia-me uma malta de cães, cerca-me um bando de malfeitores. Traspassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus ossos. Eles me olham e me observam com alegria, repartem entre si as minhas vestes, e lançam sorte sobre a minha túnica.
Porém, vós, Senhor, não vos afasteis de mim; ó meu auxílio, bem depressa me ajudai.
Livrai da espada a minha alma, e das garras dos cães a minha vida.
Salvai-me a mim, mísero, das fauces do leão e dos chifres dos búfalos.
(Salmo 21, 2-3. 7-22 ed. Ave Maria)
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