No entardecer do amor, falando sem figuras,
Assim disse Jesus: “Se alguém me quer amar,
Saiba sempre guardar minha palavras,
Para que o Pai e Eu o venhamos visitar.
Se do seu coração fizer Nossa morada,
Vindo até ele, então, haveremos de amá-lo,
E irá cheio de paz viver
Em Nosso amor!
Viver de amor, Senhor, é Te guardar em mim,
Verbo incriado, Palavra de meu Deus
Ah, divino Jesus, sabes que Te amo sim O Espírito de Amor me abrasa em chama ardente
Somente enquanto Te amo o Pai atraiu a mim.
Que Ele, em meu coração, eu guarde a vida inteira,
tendo a Vós, ó Trindade, como prisioneira
Do meu amor!
(…)
Viver de amor não é, nesta terra,
a nossa tenda armar nos cumes do Tabor;
É subir o Calvário com Jesus,
Como um tesouro olhar a Cruz!
No céu, eu viverei de alegrias,
Quando então todo sofrimento acabará;
Mas, enquanto exilada, quero, no sofrimento,
Viver de amor!
(…)
Viver de amor, é banir todo o temor
E as lembranças das faltas do passado
Não vejo marca alguma em mim do meu pecado:
Tudo, tudo queimou o amor num só segundo…
Chama divina, ó doce fornalha,
Quero no Teu calor fixar minha morada,
E em Teu fogo é que canto o refrão mais profundo:
Vivo de amor!…
(…)
Viver de amor, enquanto meu mestre cochila,
Eis o repouso entre as fúrias da vaga.
Oh! Não temas, Senhor, que eu Te acorde,
Aguardo em paz a margem do céus…
Logo a fé irá rasgar o seu véu,
minha esperança é ver-Te um dia.
A caridade infla e empurra minha vela.
Vivo de amor!…
(…)
(Santa Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face. Obras Completas. 2ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
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